29 março, 2005

Jarra de flores

ReneHales


Esta mesa posta com tudo, que é o amor.
Tem no centro a jarra da flor que nos tira a visão.
Tentas ver-me e eu tento reconhecer-te
através das pétalas e do vidro
Eu sei que és tu
mas não chega, nunca chega só saber,
preciso confirmar o tom da pele
E mexo-me, passo o resto da noite a mexer-me
Podia bastar o que se diz e as mãos,
mas não basta.
Não basta saber que estás na minha mesa
Não basta eu ouvir o que dizes sobre o que falas no teu tom de voz
Adivinhar-te é sempre pouco.
Sorris
Há jarras que não se podem pôr ao canto.

28 março, 2005

A maior estrela

pilares de criação de uma estrela numa região de formação


A maior estrela do universo brilha tanto como 10 milhões de sóis e é tão grande que é capáz de preencher o espaço todo entre o sol e a terra. Chama-se Pistola e fica a 25 mil anos luz de distância.
Perde massa com muita velocidade por isso está destinada a morrer numa explosão violenta chamada supernova. Formou-se entre 1 e 3 milhões de anos atrás, ao passo que o sol tem cerca de 5 bilhões de anos.
Pistola é a maior estrela.
O sol é uma estrela pequena e de brilho tambem pequeno. Quanto maior é a estrela mais depressa ela queima o seu combustivel nuclear. Existe um limite de massa para as estrelas, se for menos de 0,08 que a massa do sol ela não consegue iniciar as fusões nucleares no seu nucleo. Prevê-se que a massa limite seja próximo das 150 massas solares, a razão é porque algo impede o acrescentamento de mais matéria e porque a pressão de radiação torna-se tão intensa que faz com que a estrela se desagregue.
A Pistola é uma espécie de excepção à regra e isso pode ser porque ela é o resultado da colisão e fusão de duas estrelas de massa mais pequena.
À questão; Quão pesada pode ser uma estrela? Tambem temos que pensar nas excepções.
Engraçado como tudo existe "assombrado" por enumeras excepções.

27 março, 2005

Libertação

foto de jeanPerie


Olha que magia. Presa por correntes com as mãos atráz das costas num segundo a libertar-me e a aplaudirem o meu gesto superior.
Vem no livro os passos a dar, a coreografia mágica do Ser que é secreto, a libertação passo a passo, todos os movimentos explicados e numerados.
A magia aprende-se. Decora-se. Serve para não se ser comum.
e há os objectos, o chapéu a capa, o coelho que ri.
Uma foto que se rasga aos pedacinhos, e um lenço sem cheiro. O toque suave da varinha e a menina que é sempre a mulher ou a amante e que nunca é magrinha.
A magia é tão importante para crescer. E faz crescer o nosso lado de sobreviver.
Sim porque há um lado de sobreviver, é o lado onde está a capacidade de mudar o que não parece possivel mudar-se. O lado que não consegue produzir lágrimas nem perante a imagem mais terrivel. O lado de sobreviver tem tambem um chapéu, uma capa e um baralho. Tem ases e reis, valetes de espadas com e sem cavalos. É uma confusão ordenada de cores. E tambem há quem aplauda a esse lado,
como se aplaude a presa por correntes
que se libertou mal o pano preto lhe desceu pelo corpo.

26 março, 2005

Tão parecidas...

HeranAzevedo


Lembrei-me de ti.
De quando fugias para o outro lado do quintal com as mãos sujas duma terra quente. Entravas no pavilhão cinzento e fechavas as portas de correr até só caber o risquinho do teu olho à espreita.
Tinhas o medo maior do mundo de que descobrissem os teus segredos. E afinal ainda não tinhas segredos.
Lembro-me de ser igual a ti. E igual ao teu o meu medo.
Em muitos dias tambem ficava imóvel, não eram os minutos que importavam, o tempo não era tempo para mim ainda. O importante era manter-me longe do alcance. Como que a preservar a figura e o mundo. O meu particular.

24 março, 2005

Gestos que dependem

foto design Beumler


Sou muito mais feliz num gesto que faço depender. Vou andando em flashes de felicidade, até que caio por nada de nada no "dúvido muito" que sou.
O coração ralha mas o relógio avança.
Parada sem tempo, não penso se é frente a frente que me sinto muda
ou se é quado me escondo a afundar navios que liberto mais de mim.
Se posso ser feliz
não importa se a falar se sem contar,
escondida ou dada
ou nada.
É só isso que importa.
Que o posso ser.

E quando os gestos não dependem
o amor perde-se como as continhas duma pulseira que rebento,
e quase que se transforma em coisa nenhuma.

22 março, 2005

Camille Claudel

"I showed her where to find gold, but the gold she discovered was well and truly her own." Auguste Rodin
O ídolo eterno - Rodin
no museu Rodin, sacountala de Camille Claudel

A voluptuosidade de uma escultura

Jamais pude imaginar a voluptuosidade de uma escultura.


Mas, Rodin é um nome , escrito na história. Pude ver, sentir, pensar, falar, experimentar, degustar e finalmente, escrever, após uma visita a RODIN. Vi que uma escultura pode estabelecer o vocabulário e a gramática de uma época. Palavras livres, soltas ao vento, mornas, ternas, ferozes e quentes.

Não pude olhar o pensador sem pensar em Camille Claudel, para mim um pensamento vivo em Rodin, aliás o único pensamento que pude supor em seu pensar, um homem curvado e ensimesmado, um homem que pesa, esmagado pela presença de uma falta. Impossível olhar o pensador, sem pensar. Tirando disto, um prazer incrível, dada a beleza que fervilha, e eu ali a escutar as esculturas . Palavras que jamais poderão ser insípidas, posto, que o sabor escorre-lhe ao canto, de uma boca, que o próprio Rodin chamou de BOCA DO INFERNO. De um prazer... que não possui valor em moeda, nem em reconhecimento, é o desconhecido a se explicar, pois, prazer de um abandono, de uma entrega. De uma entrega que grita. Como um eco de Rodin, o nome, de Camille Claudel, grita! Sussurra ao ouvido_ amante, amada, abandonada, interna, vencida e sobretudo indestrutível_ seu próprio nome, Camille. Por trás de toda obra de Rodin sussurra uma Camille, louca, sacerdotisa, Mestre, inocente ou sedutora, e mais ainda... Reine-Marie, diz sobre Camille Claudel, algo cujo o adjetivo mais apropriado as suas palavras: é simplesmente, aos meus ouvidos, justas.
"As semelhanças e singularidades de suas esculturas estabelecem o léxico e a gramática de um estilo, e do canto alternado com o imenso Rodin ergue-se o eterno antagonismo das vozes de um homem e uma mulher"

Um instante fecundo, um abandono, um pensamento, O beijo, um Bacanal, um Balsac, um Victor Hugo, um Gênio do Repouso Eterno, um vencido um Torso da Sombra. De um prazer, de um abandono tal, que Camille engendra seu próprio ser. Ser de falta, de carne e osso, de puro osso, duro, di-amante. Numa valsa de bronze que petrifica o ser de Camille e de seu par, um homem e uma mulher, flutuam numa dança que faz inveja a Deus. Dizendo com Lacan que a relação sexual não existe. Apenas no nada deste abandono, e com o qual se entrega um beijo, uma dança, uma parte, um corpo, um gesto, um olhar... um olhar de viés que se deita sobre o nada, ela se insinua como faz uma mulher.

Se deitar ao chão procurando o lugar do olhar do pensador, de nada adianta, pois suas mulheres, são Evas, envergonhadas, escondem o que procuramos . E os homens? Os Homens surgem de vários modos: Aos pedaços, castrados, vencidos, pensativos, partidos, enlaçados a uma mulher, vestido de um roupão a esconder-lhe a falha , atrevido, como mestres.

Camille, num ato de que só se pode chamar, na ignorância, de destruição, eleva ao mais alto, o nome de seu amado e Mestre Rodin, oferecendo como sacrifício a sua obra. Para ultrapassar todos os limites e atravessar-se como fantasma na brecha, no cismo do coração da obra de Rodin. Obra que como O Beijo ou como A Valsa, mistura: corpos, pensamentos e arte, de uma entrega absoluta que faz o ignorante chorar diante de Eu Sou Bela. Quem viu Rodin, certamente quer ver Camille Claudel, não uma Camille devastada, mas a devastação e a ferocidade da delicadeza de sua arte.

(Luciene de Mélo Paz Braga)

21 março, 2005

A força das coisas

Não era do homem de cinqüenta anos que eu tinha saudade; não era daquele justo sem justiça, de arrogância desconfiada e rigorosamente mascarada, que rasgara meu coração ao consentir nos crimes da França; era o companheiro dos anos de esperança, cujo rosto despojado brincava e ria tão bem, o jovem escritor ambicioso, louco pela vida, por seus prazeres, por seus triunfos, pelo companheirismo, pela amizade, pelo amor e pela felicidade. A morte o ressuscitava; para ele, o tempo não mais existia, o ontem não tinha mais verdade que o anteontem; Camus, tal como eu o amara, surgia na noite, no mesmo instante reencontrado e dolorosamente perdido. Sempre que morre um homem, morre uma criança, um adolescente, um jovem: cada um chora aquele que lhe foi caro. Caía uma chuva fina e fria; na avenida Orléans, mendigos dormiam nas soleiras das portas, encolhidos e transidos de frio. Tudo me dilacerava: aquela miséria, aquela infelicidade, aquela cidade, o mundo, e a vida, e a morte.

Simone de Beauvoir (a força das coisas)

Flor amarela

E esta é minha, já que estou numa de amarelo...

Expressão

Schatz Ornstein - foto


Por acaso ou com o grande poder do intencionalmente te expressas.
A expressão é a fronteira entre o verbo que é teu e o verbo que te atribuem.

18 março, 2005

Falando serio entre nós dois tinha que haver mais sentimento, não quero seu amor por um momento e ter a vida inteira para me arrepender

Falando serio

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca,
ou não toca."

Clarice Lispector

Roberto Carlos lá se misturou hoje com os meus gestos e movimentos da noite.
Básta um som e lá vamos transportados para uma determinada tarde em que tinhamos 15 anos, ou assim...
Depois vem a parte má. O "falando serio" é muito mais serio com 30 anos. Tem o peso dos dias que se foram colocando por cima.
Porque é que o romantismo é tão tremendamente sufocante?
Mas o pior do Roberto, o pior mesmo, para mim foi "sua estupidez", corresponde a uma grande virada na minha vida. E era uma cassete que deitei fora pelo vidro do carro algures pelo ic19.
Acho que a minha estupidez não me deixava ver qualquer coisa. Mas continuei assim. E esta noite chamei o Roberto para me voltar a cantar pela casa. A net tem estas coisas boas.
E agora "falando serio". isto tudo são contactos. Ou as coisas tocam ou não tocam.As pessoas vão seguindo, mas as musicas e as letras continuam na mesma e depois há um novo reconhecer e a memória identifica até os cheiros. Elas não envelhecem, só saturam se as ouvirmos muito. Nós envelhecemos, saturamos e saturamo-nos. E só se lembram de nós como eramos se nunca mais nos virem depois de o sermos.
"Falando serio"... Bem que podia ter escolhido outro programa, para uma noite tão bonita...

17 março, 2005

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

16 março, 2005

É assim a fé

A acreditar


O que eu sei que dou quando acredito não cabe nem na esparânça do futuro de quando se começa a adivinhar o tempo.
Não importa no que se acredita. A verdade pode ter uma distãncia mínima de uma mentira. O que só interessa para alguêm cobrar quando acha que pode ganhar. Importa sim o que se dá do que se tem lá dentro. O que se deposita do infinito de nós.
Não quero acreditar em ti por seres uma pessoa boa ou por me saberes fazer bem.
Gosto da sensação de acreditar apenas por seres tu. Enquanto o meu corpo te identificar. E te achar o mais parecido com aquele que eu sinto que és.
Eu, com a minha avariada e velha máquina de "ler" pessoas...
Pelo menos há a beleza da escolha ser minha e não uma consequência dos teus actos merecedores da minha confiânça.
Pois, isto hoje fez-me sentido.

15 março, 2005

Women outside



O eterno presente. Passado, presente e futuro são. E talvez seja apenas a consciência que se desloca

13 março, 2005

12 de Março de 2005

A ler textos de fluidos, sobre o penetrar e o beijar, as diferênças de um e de outro e tudo o que se pode pensar sobre isso, cheguei a esta hora e já não aguento nem mais uma frase.
Sexo sem pestanejar foi uma das que li. A defender a profundidade de entrega no beijo. Compreendo. Pensando bem na boca é que se saboreia mesmo, é que se prova.
E se o sexo não andasse escondido... O beijo talvez tivesse uma maior importância. E mais gente concordasse.

12 março, 2005

Adorei o flamingo...
Há muros onde todos podemos escrever
em meus dedos...

sentidos

Esqueci
teu nome
teu rosto
o quando
e o porquê
Só existes
em meus dedos.

(Eugénia Tabosa)
A conversa das olheiras foi ontem de manhã, tinha-a guardado na memória, embora já um pouco alterada pelos trajectos "labirinticos" do meu mapa interno. No entanto mais ou menos, reproduzi-a com a integridade do que vale a pena. Tirei as exclamações repetitivas de uma e de outra parte, que confesso foram em maior numero na realidade.
De manhã as coisas têm outra importância. Não se bebeu ainda nada. Não se está cansada nem com as capacidades diminuídas. A vontade de recostar ainda não é infinita. Não tenho razão para não perceber onde não "encaixo" como se fosse uma marciana. Acabo a subir a rua e a pensar, a culpa é minha, provavelmente trago alguma porcaria cravada na expressão ou no olhar e que não admito quando sou interrogada.
No mínimo devia perceber que estou a ser interrogada.
Quase sempre esqueço tudo. Isto quando não me perguntam mais tarde uma qualquer coisa referente àquilo. Ás vezes acho que estou a perder a paciência. Eu não era assim, tinha muitos mais sorrisos e menos palavras. Não me "saíam nabos da púcara" sem que eu quisesse ou pelo menos reparasse.
Pode ser a cabeça a navegar longe, a navegar com as ondas a bordo (em vez de lá fora).
Ando em viagem, pelo mundo, do outro lado. Regresso para beber, comer e cumprimentar os amigos... E salto logo para lá de novo.
Os espelhos tambem me disseram à bocadinho que estou a precisar de um corrector de olheiras, ou então de uma razão assim tambem bonita para as ter.

11 março, 2005

Olheiras de paixão

-Repara bem nas olheiras de paixão.
-Olheiras de paixão, quais? As tuas ou as minhas?
-As minhas. Tambem tens olheiras? Deixa ver. Andas a dormir mal.
-Não... Sei lá se tenho... pensei que eram as minhas.
-Foi porque falei em paixão, ouviste a palavra e despertaste como se levasses uma picadela.
-Secalhar foi.
-Foi, foi. Esquece as minhas olheiras e fala-me é da tua paixão.
-diz-me lá tu é porque a tua te faz olheiras, parece que entraste aqui a querer contar-me um segredo.
-Deixa lá. Estou bonita assim, não estou? É o amor!
-Estás. E olha que as olheiras mal se vêem.
-Secalhar tens razão, mas eu vejo... E sinto-as. Não há espelho onde não repare que estou com um ar diferente, mais pesado e sério. Digo que é da paixão e já não fico tão triste.
-É uma bela razão para ter olheiras, se for só isso... fazes bem...
-E a tua paixão?
-Não
-Não o quê?
-Não queiras fazer da tua história uma história para mim. As minhas olheiras podem ser olheiras de discutir politica por ex.
-Poderiam, mas eu chamei-lhes olheiras de paixão e tu perguntáste se as minhas ou as tuas.

Preciso de abanar a cabêça como aqueles bonecos dos desenhos animados, para ver se consigo perceber o que não percebi...
Disse alguma coisa que não devia...!?
A dar nomes às olheiras...!?

10 março, 2005

porque a musica me fáz lembrar...
Out of nothing you came to my arms and you're right
I fell every time
You're the first and the last time that I'll ever try
So dry your eyes, I'll say goodbye, I say goodbye...

I'm left hanging like all dancing bears
I need rope to keep me in line
I can't stop them, there's more bombshells coming
I choke
More words, more lies
I'll say goodbye, I'll say goodbye...

I can't believe its come to this
Banging on a sinking ship, hoping someone hears my list
For every trial I take a fall, you never notice it no more
What we had won't conquer all
While the shots still ringing out
You do the worst to bring me down
You do the worst to take me out
I'll say goodbye, I'll say goodbye...

Out of nothing - Embrace

09 março, 2005

Isto estava a ir tão bem sem politiquices...

Então pronto eu ponho o pézinho no tema da politica para falar do blog do ministro das obras publicas transportes e comunicações.

Mário Lino Soares Correia

Licenciado em Engenharia Civil; Master of Scince em Hidrologia e Recursos Hídricos pela Universidade do Estado Colorado, E.U.A. Foi presidente do Conselho de Administração da Águas de Portugal entre 1996 e 2002, da Empresa Geral de Fomento, da AQUAPOR e vogal do Conselho de Administração da IPE. Consultor nos domínios da Hidrologia, recursos hídricos, hidráulica fluvial e engenharia sanitária e ambiental. Autor do blog Alforge e co-autor do Puxa palavra.

Acerca de se vai continuar a postar no Alforge ou não vai continuar a postar não me apetece fazer considerações.
Li no Puxapalavra há uns dias "o puxapalavra foi para o governo", confesso que sorri, eu fui das que ouvi tambem com um sorriso, o vitorino dizer que com José Sócrates o Governo não será feito na comunicação social nem pela comunicação social.

Secalhar não foi o blog que deu a Socrates um ministro, mas... (vou sorrindo)

Já não é façil perceber exactamente a critica a uma politica de segredo e falta de transparência. Ás vezes é mais fácil ir percebendo que tudo tem sido dito com um grande exagero e comparado, com um exagero ainda maior. Apetece dizer, deixemos primeiro o ministro começar a trabalhar e depois então não vão faltar com certeza, imensos argumentos para que se registe o protesto.
E foi só o pézinho. rs
(a respeito de "o puxapalavra foi para o governo")


  • puxapalavra


  • Alforge
  • Até encontrei o cartaz da peça

    08 março, 2005

    A vida é cheia de som e fúria

    Este titulo, de uma peça de teatro da companhia brasileira Sutil, estreada o ano passado, veio a passear-se pela minha cabeça enquanto subia no elevador. Não sei explicar porquê. E nem sei em que é que "a vida é cheia de som e fúria" se poderá relacionar com as minhas sensações de hoje. Mas não sendo preciso saber explicar qualquer relação, encontro nas memórias do meu dia, vida, plenitude, muitos sons e algumas fúrias. E isso basta para ter querido deixar-te a frase. No dia do teu lindo olhar sobre o meu blog (tão infantil quanto as minhas motivações).

    ("...a vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, e que não significa nada"), de William Shakespeare (Macbeth).
    adivinha
    The mirror
    LANÇAMENTO DA CARTA MUNDIAL DAS MULHERES PARA A HUMANIDADE E ESTAFETA MUNDIAL

    Neste 8 de Março de 2005, Dia Internacional da Mulher, a Marcha Mundial das Mulheres lança a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade.

    Adoptada a 10 de Dezembro de 2004 em Kigali (Ruanda), pelas delegadas presentes na 5ª Reunião Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, a carta apresenta o mundo que as mulheres querem construir, um mundo baseado na igualdade, liberdade, solidariedade, justiça e paz.

    O lançamento far-se-á em São Paulo, no Brasil. As mulheres brasileiras organizam uma manifestação que começa às 14h na Avenida Paulista, terminando às 17h na Praça da República, no centro da cidade. Estarão presentes mulheres do Québec, onde a iniciativa da Marcha Mundial das Mulheres teve início, assim como as delegadas do Burkina Faso, país onde terminará a estafeta da Carta em 17 de Outubro de 2005. Este país foi escolhido porque é um dos mais pobres do planeta e onde as mulheres vivem violências muito específicas: mutilações genitais, casamentos precoces, poligamia, etc.

    Após o lançamento no Brasil, as mulheres da Marcha Mundial organizarão uma Estafeta da Carta pelo mundo. A Estafeta irá decorrer de 8 de Março a 17 de Outubro de 2005, Dia Internacional para a Eliminação da Pobreza. Durante a estafeta serão organizadas acções de sensibilização e de informação sobre o conteúdo da Carta e serão interpeladas as instâncias governamentais, assim como a opinião pública.

    O conteúdo da Carta será igualmente transposto para quadrados de tecido que serão acrescentados constituindo-se, assim, uma manta que vai crescendo à passagem dos diferentes países, sendo que a 17 de Outubro serão realizadas as 24 horas de solidariedade feminista.
    Pontos da Estafeta da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade e da Manta da Solidariedade

    Nas Américas

    Brasil (08/03 – 11/03)
    Brasil / Argentina / Uruguai (12/03)
    Argentina (13/03 - 14/03)
    Bolívia (15/03 – 19/03)
    Perú (20/03 – 24/03)
    Equador (29/03 – 31/03)
    Colômbia (01/04 – 03/04)
    Trinidad & Tobago (04/04 – 06/04)
    Haiti (07/04 – 09/04)
    Cuba (10/04 – 12/04)
    Honduras (13/04 – 16/04)
    El Salvador (17/04 – 20/04)
    México (21/04 – 26/04)
    México / EUA (27/04)
    Estados Unidos da América (28/04 – 30/04)
    Canadá (01/05 – 05/05)
    Québec (06/05 – 08/05)
    Na Europa

    Turquia/Grécia (09/05 – 12/05)
    Itália (13/05 – 14/05)
    Portugal (15/05 – 19/05)
    Galiza (20/05 – 23/05)
    País Basco (24/05 – 27/05)
    França (Acção Europeia Em Marselha) (28/05 – 29/05)
    Bélgica (30/05 – 31/05)
    Holanda (01/06 – 03/06)
    Dinamarca/ Suécia (04/06 – 05/06)
    Roménia (06/06 – 08/06)
    Bulgária (09/06 – 11/06)
    Suiça (12/06 – 15/06)
    Castilla/Catalunha (16/06 – 19/06)

    Na Oceânia e na Ásia
    Nova Caledónia (20/06 – 24/06)
    Austrália (25/06 – 29/06)
    Japão (30/06 – 02/07)
    República Da Coreia (03/07 – 05/07)
    Filipinas (06/07 – 09/07)
    República Democrática Popular Lao (10/07 – 12/07)
    Tailândia/ Birmânia (13/07 – 16/07)
    Índia (17/07 – 23/07)
    Paquistão (24/07 – 27/07)
    Azerbeijão (28/07 30/07)
    No Próximo Oriente e no Magreb
    Líbano (31/07 – 02/08)
    Jordânia (03/08 – 04/08)
    Tunísia (05/08 – 07/08)
    Israel (mulheres judias e palestinas) (08/08 – 10/08)
    Na África
    Sudão (04/09 – 06/09)
    Uganda (07/10 – 10/10)
    Grandes Lagos Africanos (R.D.Congo/ Ruanda/ Burundi) (11/09 – 17/09)
    Moçambique (18/09 – 21/09)
    África Do Sul (22/09 – 24/09)
    Camarões (25/09 – 28/09)
    Niger/Benin (29/09 – 03/10)
    Guiné (Conakry) (04/10 – 07/10)
    Senegal (08/10 – 10/10)
    Mali (11/10 – 14/10)
    Burkina Faso (15/10 – 17/10)

    Acção de lançamento da Carta em Lisboa
    Dia 8 de Março na Rua Augusta, a partir das 15h.

    07 março, 2005

    Nua

    Solidão

    "Só há solidão porque vivemos com os outros." Virgilio Ferreira

    06 março, 2005

    O tempo

    O tempo é a mágica da inevitabilidade. É a mudança sem medo, sem piedade, sem ilusão. A ansiedade é a tentativa humana de superar o tempo através de esforços, quase sempre inúteis.

    05 março, 2005

    Depois começam as tempestades...

    Pessoas erradas

    Agarrei-me a uma definição de amor daquelas que a minha parte realista teima que não posso viver. Luto com ela com todo o meu Ser nos momentos em que acredito, ás vezes venço, ás vezes não...
    Fico cansada de me adaptar ao que é correcto. Sinto que a minha fragilidade não deixa. Mas na hora em que recebo o prémio sei que fiz o melhor, recebo-o com o medo de o não voltar a receber pela lucidez. Recebo-o para o futuro em que tenho que acreditar.
    Nós podemos ser as pessoas erradas. Quando discuto contigo acho sempre que somos as pessoas erradas. Erradas para quê? Para trocarmos carinho. Para sermos dos mais importantes um para o outro. Para cabermos na definição de amor de cada um.
    É extenuante, sabes... Meia duzia de minutos no teu abraço... E o dia cheio de coisas para vençer...
    --

    04 março, 2005

    U2 e outros fenómenos

    Nada contra U2, nada absolutamente! Gosto, tenho quase tudo em casa, digo quase, porque em matéria de musica, adquiro por impulso aquilo que de facto me diz algo e não por ser deste ou daquele.
    Por impulso não me deu para estar 3 horas numa fila na BP ao relento e ao frio. Até porque em Agosto devo estar de férias num sitio qualquer com sol e não em Lisboa.
    Estranhamente estas condições para se adquirir um bilhete, a mim, não me demonstram mais "amor" à banda nem à musica. Fico sempre pasmada com o que a minha interpretação "tira" do que leva as pessoas a agir. Vou sempre um pouco mais longe, o que as pessoas não fazem por um bilhete...
    São as febres dos momentos.
    São secalhar as vontades de quem é responsavel, para que assim seja.
    E assim sendo não vou estar na multidão.
    Já não tenho é paciência para quem se chega ao pé de mim e acaba tristemente por dizer que não, não arranjou bilhetes para os U2.
    ---É pá olha, deixa lá, há tanta coisa gira, tantas bandas dignas de se conhecer, tanto som para ouvir e entranhar devagar, tanto teatro, tanta dança... vá lá... Não vale a pena chorar!
    Tralha - Obrigada pela prenda

    03 março, 2005

    TIME

    As horas não estão certas. É preferivel andar noutro fuso. Tanta coisa "torta" e "errada" tantos a exclamar o que alguns nem precisam de ouvir. A gritar mesmo...
    Não vou acertar o relógio, nem sei onde ele está.
    Muito embora vá mantendo a pressa... Sei lá para quê.

    Olha! Aqui tambem é possivel fazer um "change time & date" !!

    02 março, 2005

    grade

    A fina pele

    Sobre desilusões, levamos tanto tempo a perceber que queremos o impossivel. Levantamo-nos e deitamo-nos a achar (inconscientemente) que os outros nos acompanham. Prendemo-nos às razões para estar contentes ou tristes. Podemos saltar de alegria e explicar porquê e o inverso.
    Há uma gaita nisto tudo. Ás vezes julgamos que sabemos qual é.
    Falei contigo sobre estradas. Estradas e percursos, faltas de sinalização. A desilusão não foi o que "tirámos da coisa", foi a tua boca a mexer longe da minha orelha e o tempo que posso chamar de perdido a ver-te com a pose correcta do impressionavel.
    Disseste que me estavam a faltar adjectivos.
    Talvez.
    Sobre desilusão, eu não sei se posso falar-te do que percorri para te explicar o que me desilude.
    Se sei que aprendemos, tambem sei que às vezes parece que não aprendi nada.
    Adopto ou cai sobre mim aquela fina pele de plástico. E pronto. Já não há frase que nos salve.

    01 março, 2005

    Tantos templates bonitos que vi por aí. Depois desisti, é dificil deixar este espaço meio sóbrio quando só vejo efeitos no mouse e chuvas de pontinhos.
    Diz-se que nunca é de repente que as coisas aconteçem, eu acho que comigo aconteçe de repente...
    De repente desisto do que começei e viro-me de costas para o que queria tanto. De repente esqueço. Deixo de saber onde estava guardada aquela sensação boa naquele momento tão bom. De repente adormeço no sofá a ver o filme que amo.
    Deixo o café a meio de repente.
    Mas não posso ficar furiosa se de repente te esqueçes de mim. Isto é bonito de se dizer mas não é façil de conseguir. De alguma forma consigo, pelo menos em algumas vezes, eu acho que a maioria, felizmente. Mas nas que não consigo sinto que o que se destrói é em mim. A dor que provoco é em mim e não há partilha que atenue nem alegria que atenue o desespero.

    Filme que me apetecia ver: Mar adentro do Amenábar com o enigmático Javier Bardem que acho que fez 36 anos dia 1 de Março. Para chorar, claro está, mas penso que para "gozar" uns momentos de um filme muito bem dirigido





    O querer sem medida. É o querer à medida de nós

    É assim que te quero, amor,
    assim, amor, é que eu gosto de ti,
    tal como te vestes
    e como arranjas
    os cabelos e como
    a tua boca sorri,
    ágil como a água
    da fonte sobre as pedras puras,
    é assim que te quero, amada,
    Ao pão não peço que me ensine,
    mas antes que não me falte
    em cada dia que passa.
    Da luz nada sei, nem donde
    vem nem para onde vai,
    apenas quero que a luz alumie,
    e também não peço à noite explicações,
    espero-a e envolve-me,
    e assim tu pão e luz
    e sombra és.
    Chegastes à minha vida
    com o que trazias,
    feita
    de luz e pão e sombra, eu te esperava,
    e é assim que preciso de ti,
    assim que te amo,
    e os que amanhã quiserem ouvir
    o que não lhes direi, que o leiam aqui
    e retrocedam hoje porque é cedo
    para tais argumentos.
    Amanhã dar-lhes-emos apenas
    uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
    que há-de cair sobre a terra
    como se a tivessem produzido os nosso lábios,
    como um beijo caído
    das nossas alturas invencíveis
    para mostrar o fogo e a ternura
    de um amor verdadeiro.

    Pablo Neruda
    Andei a falar tanto que temporariamente me sinto a perder importancia. Foi um dia grande. Com um vento que eu dispensava por complecto.
    Estou a sentir que é urgente sair desta cadeira e deitar-me na cama para acabar o dia, mas não o faço e vou recordando momentos. Já não cabem na minha cabeça todos os momentos que recordo. Penso que não gostaría de voltar atrás mas quando penso em mim no passado penso sempre com uma infinita saudade.
    Fecho os olhos... E a minha avó, o meu mundo, os meus primeiros saltos, eu ao colo de alguêm, agora são ausências.
    Mas não faço mais ondas por hoje.
    já estou de maré baixa.

    volna=onda

    A alma é eterna. E cada alma viaja de uma vida para outra rodeada por companheiros, uns ajudando os outros a cumprir seu destino. Os encontros que temos durante a vida nunca são coincidências.
    Mark Fisher