25 janeiro, 2006

Beauty above all




Acabei o "singing songs" e fiquei com a menina de 4 anos a sorrir-me, com uma calma destas, igual à que tu tens.
Dei-lhe um olhar parecido ao teu... E depois fiquei a observar-te nas revistas antigas, nesta capa onde quase sorris.
E se te olhar mesmo muito, se o fizer durante um tempo, começa a parecer-me que não, que sería impossivel começares a sorrir a partir dali. E assim volto ao principio e vejo tanto nos teus olhos de amendoa...
É o tal oceano que escreveram que tu tinhas na alma.
Acho que poucos têm oceanos na alma, têm rios, mares, lagos ou poços, têm charcos que refletem o sol ou a lua, mas não têm assim uma imensidão que se detecta em tão pouco tempo.
Meg a angelical, pois sim.
E eu digo que não são os olhos...
É a maneira de olhares...
E é a vida que tu escolhes. E as voltas que dás e não dás. É todo o espaço que te habita quando te moves para ficares parada onde não temos como te ver.
É a frase que ficou escrita e que se aproveita pela eternidade porque não se escreveu nenhuma mais.
Enquanto o resto do mundo venera só as estrelas que morrem cedo e as que circulam nos percursos iluminados...

18 janeiro, 2006

O que ela ainda fáz



Certas pessoas são-nos impostas por sei lá que meios e direcções e temos que levar com elas apertando a barriga com o embaraço que em 2 minutos nos causam. A grande America tem disto. Ainda não dispensou a Joan. Agora é com erro atrás de erro que a vemos sorrir para as cãmeras. Já não interessa. Já é hábito enganar-se no nome de quem entrevista e é hábito não saber o que está a dizer, mas ficam as cores e as plásticas. E os entrevistados, coitados, ainda agradeçem qualquer coisinha simpática que ela diga. Eu vejo-a, encolho-me toda e enrrugo-me, é complectamente desconcertante. Mas vai ficando por aí de microfone na mão, a desculpa é que já são sete décadas (salvo erro) e dá para rir, alguns devem rir, outros sei que se enrrugam como eu.
Desejo-lhe muitos anos de vida, mas poucos já de trabalho!
Ó por favor!

(foto-Joan Rivers)

17 janeiro, 2006

Assim penso



O pensador, afundado em si mesmo. A pose longe do pensamento abstrato, muito real e definida, pose de quem está a pensar e sabe como se pensa.
Na minha pose, estou mais ausente. Pareço não acertar totalmente com a linha onde a ideia se equilibra, estou abstrata... Vão dizer como no expressionismo que isto me vem de uma qualquer revolta. Eu aceito...
Era só para dizer que penso...

(foto-Scarlett Johansson)

12 janeiro, 2006

Amar é pensar



Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
(Alberto Caeiro)

(foto-Kate Beckinsale)

06 janeiro, 2006

O exemplar Visconde de Valmont




Valmont, com o seu amor provisório, complectamente irresistivel. Tão representativo do que desperta os sentidos ao sexo masculino.
Este mesmo argumento foi o que serviu o filme "Dangerous Liaisons" mas este último com muito mais impacto no público. A mim marcou-me este Valmont subtil que parece acreditar poder mudar a sua essência após uma noite de amor. Respondem-lhe que um homem quando muda é para pior. E de facto as suas paixões sempre foram curtas em tempo.
Sobre os dois filmes, acho que o "Valmont" tem a beleza da arte no seu melhor ponto. E o "Dangerous Liaisons" é apenas um filme. Que resulta por uma data de razões mas que é "carregado" na cor e no gesto, na representação e na ironía... E que provavelmente resultou para o público em geral, pelas mesmas razões pelas quais me desagradou.
Diz-se que Milos Forman nunca optava por soluções simples, os seus personagens eram mais ambigúos e isso talvez lhes tivesse dado a ideia de Seres reais.
Agrada-me. Agradou-me. Continua a encantar-me.


"Possuirei aquela mulher; arrebatá-la-ei do marido que a profana; ousarei tomá-la ao próprio Deus que ela adora. Que delícia ser alternadamente o causador e o vencedor de seus remorsos! Longe de mim a idéia de destruir os preconceitos que a assaltam. Eles aumentarão minha felicidade e minha glória. Que ela acredite na virtude, mas para sacrificá-la a meus pés; que suas faltas a amedrontem sem poder detê-la; e agitada por mil terrores, não possa esquecê-los e dominá-los senão em meus braços. Então consentirei que ela me diga: 'Adoro-te'."

04 janeiro, 2006

Entre pairar ou levantar




Se em alguns dias não nos seguramos a nada, temos a vaga impressão de que estamos a pairar num lugar que deixámos adormecer quando eramos pequeninos.
A nossa melhor voz avisa-nos que acordar pode significar olhar de novo para as coisas. Pode significar...
Reconheço que me levanto um pouco à pressa, mas depois acredito que talvez seja a minha meta a fazer-me correr. Salto para as conclusões. Gosto de concluir. E gosto de concluir depressa demais.
Tenho imensa pena. E depois tento segurar-me, só que quando é tarde fico naquela dúvida estranha entre pairar ou levantar de novo.
E só sou mais forte que isso,
nas poucas vezes em que isso não é mais forte que eu.

(foto-Madonna)