21 dezembro, 2006

Gostava mais de ti



É quando se está mais perto, ou muito perto ou há muito tempo, que deixamos de nos esforçar. É como uma condição... E é pena. Não posso dizer que seja uma condição mais masculina que feminina. Não é.
E se é precisa lenha para o fogo arder, não sei. O Romeu talvez sinta que suspenso, o beijo fica mais valioso. Alguns não Romeus nem se suspendem porque não estão para isso. Depois, tudo bem misturado dá nisto de tentar decifrar o que é importante para eles e para elas. O que uns procuram nos astrónomos e outros nos bailarinos...
Gostava mais de ti se ao chegar a casa, tivesses cozinhado o meu prato preferido, mo servisses bem quente enquanto eu desapertava o nó da gravata, e não dissesses absolutamente nada, como se tivesses passado todo o dia a olhar para as estrelas e optasses por me dedicar a noite da terra. Perto, tão perto que soubesses de cór todas as histórias da minha imaginação. E continuasses suspensa. E eu, suspenso.
Gostava mais de ti, penso eu. Mais, um bocadinho.
(foto - Royal Danish Ballet - Susanne Grinder)

27 outubro, 2006

Padrões de beleza



Pois é ;)
Mas eu cá continuo a achar que aquilo que nos desperta a tesão, ou outra qualquer parte de nós, é o que de facto diz o que somos. E não depois os mecanismos que temos de ética, que nos inibem ou fazem com que não tenhamos coragem.
Ou seja, somos explicados através daquilo que nos atrai.
Amamos o que somos capázes de amar e só desejamos o que temos capacidade para desejar. Batons, modas, cores e calças apertadas. Bonitas, elas, não importa o quanto. Um pouco só, ou muito e a vontade cresce.
O outro que só via corvos e amava o negro, provavelmente nem iria reparar nela.
E sabes como sei tudo isto? Da mesma maneira que sei que a Cristina não te iría levar a mal, é das que sabem que a beleza é fundamental. Contudo ainda bem que existem tantos padrões quanto pessoas diferentes.

19 outubro, 2006

In search of surrender



I am, you see, a woman who has been in search of surrender my whole life – to find something, someone, to whom I could subsume my ego, my will, my miserable mortality. I tried various religions and various men. I even tried a religious man. And then he found me, the agnostic who demanded my submission.

“Bend over,” he’d say, gently, firmly. I can hear it now – echoing in the bowels of my being.
Toni Bentley
(foto - Balanchine’s Apollo, as the New York City Ballet danced it in the sixties)

13 outubro, 2006

Cenas




Falamos do que é mental, da materialização dos receios e das coisas más que a cabeça guarda. E o amor, que tambem é mental, devia ser mais ainda para não corrermos riscos de amarmos quem não queremos.
Materializo aquilo em que acredito com medo ou com esperânça. E por isso é como se pudesse dizer que no fundo materializo aquilo que sou.
E sou capáz de te ver tão bem por tráz dessa tua vida. A ti, que me seguras e a ti que não me sabes segurar. Vejo-te, materializado pelas minhas vontades e pelos meus medos, porque sei que muitas vezes havemos de errar os mesmos erros. Não é exclusivo de ti nem de mim. E o amor mental, que não nos choca nem nos surpreende com a evidência de uma desilusão, tem menos de nós provavelmente, não nos ensina que esperamos cavaleiros e princesas à imagem do que mais nos atrai e do que mais nos repele e isto, permanentemente, a toda a hora, em todos os lugares, com os tais três olhos ou com uma cegueira já habituada. Eu acho que podemos ver e não ver nada. E não ver e ver tudo. Prefiro não ver e chegam-me cá estas ondas que vibram o que és e saiem de mim as que vibram o que sou, para que alguêm apanhe, quem sabe, para que alguêm apanhe com muita esperãnça minha que as mereça.
(foto - Demi Moore)

23 setembro, 2006

We live only to dance. If living were not an essential prerequisite, we would abstain.




Winter Season, A Dancer's Journal -- Excerpt 2

DANCERS

We are hairless. We have no leg hairs, no pubic hair, no armpit hair, no facial hair, no neck hair and only a solid little lump at the top of our heads. Any sign if stubble must be closely watched out for and removed.

That is not all. We don’t eat food, we eat music. We need artistic sustenance only. Emotional, inspiring sustenance. All our physical energy is the overflow of spiritual feelings. We live on faith, belief, love, inspiration, vitamins and Tab.

We live only to dance. If living were not an essential prerequisite, we would abstain.

We have different bodily structure than most humans. Our spirits, our souls, our love reside totally in our bodies, in our toes and knees and hips and vertebrae and necks and elbows and fingertips. Our faces are painted on. We draw black lines for eyes, red circles for cheekbones and ovals for a mouth.

Any hint of facial wrinkles, teary eyes, drops of sweat, audible breathing or diminishing energy levels is a sign of imperfection. They are symptoms of mortality. "Toni Bentley"
(foto - Liane Daydé - por Baron)

14 setembro, 2006

Teresa e Tomás



Não fazes ideia quanto tempo aguento num sítio sem que me aperceba que as árvores estão a cair sobre mim.
Agora a frase devia ser sobre felicidade. E é! No fundo até é!
E enquanto ele, o Tomás, pensava no quanto era feliz, eu pensei que só num verdadeiro absurdo é que se consegue ficar calmo entre as arvores que se dobram.
Gosto do amor, quando revolve as pessoas no sentido do impossivel.
Não interessa se a natureza as leva para alguma direcção. Interessa que elas permanecem no que querem fazer e em quem querem ver. E é esta a frase para a felicidade, ou pode ser.
Que o amor é talvez permanecer em quem se quer ver.
Secalhar, depois, a consciência que se tem disso, é que já é morrer.

(foto - A insustentável leveza do ser)

27 julho, 2006

Fame - Star maker




Here as I watch the ships go by
I'm rooted to my shore
I keep asking myself why
And if there's more on the other side
Here as I see the friends I thought I made
A little bit crazy to know by now
We've outgrown one another

Star maker
Dream breaker
Soul taker
We're happy now
We're so happy now


Now when I see the things I want
I can take the things I see
But I keep asking myself why
And if there ain't just a little bit more for me

Here when it's time to count the cost
I keep measuring what I've lost
And wondering if you knew
It would all end up with you

Star maker
Dream breaker
Soul taker
We're happy now
We're so happy now


Here as I watch the time go by
How I'd like to sail away
Leaving all my past behind
But I know I'd only last for a couple of days

Here stands everything I thought I made
It's the only life I know
And I can't even call it my own
I've got no hope, I belong to you

Star maker
Dream breaker
Soul taker
We're happy now
We're so happy now


(FAME FACTORY Starmaker Lyrics)

15 julho, 2006

Guardar tudo muito bem num velho chip




Ben, as loucuras que despertam nas nossas cabeças quando estamos gastos de pensamentos... Eu dizia-te que podemos empurrar tudo para os lados até a dor existir em nós como parte do que somos e não uma loucura imensa que comanda até o que queremos ser.
Acho que enlouquecemos quando já nem os sonhos fazem sentido.
Quando deixou de ser possivel limitar os sentidos...
E estes se esgotaram como se num pequeno momento tivessem dado tudo.
(foto - "Trauma" de Marc Evans)

20 junho, 2006

À medida da vista toda



Tenho a certeza que há espaços bonitos onde nos é permitido chegar. Onde se conquistou o direito de estar... E se está aos gritos só porque apeteçe.
Agora ainda não. Porque ainda pulso a um ritmo incompreensivel para ser aceite como calma. Tudo, tudo nesta pequena piscina de pranchas diárias... Subidas em vez de nós, por passos que sejam deles. E tudo, tudo muito grande. À medida da vista toda. Que a vista tem mais fome que nós.
(Foto - Gisele Bundchen)

15 junho, 2006

The second half of the eighteenth century - "the age of Johnson"

"Why, Sir, you find no man, at all intellectual, who is willing to leave London. No, Sir, when a man is tired of London, he is tired of life; for there is in London all that life can afford."
Samuel Johnson's Museum


09 junho, 2006

That rare thing




"Colin Firth remains that rare thing - an actor who’s more interesting than any of the characters he plays" 30-TV Times

Eu dizia-te que há profissões onde se perde a sensibilidade e profissões onde acontece o oposto.
Sobre os actores tenho a forte impressão que ao dar o corpo dão tambem um pouco de alma. São quem escreve as entrelinhas dos guiões. E na tentativa de personificar o melhor possivel, exploram o que lêem, estudam maneiras diferentes de viver, expressam sentimentos que não aprenderam com a própria experiência de vida.
O desafio é mostrar, subtil ou exageradamente. E da outra profissão dizia-te o contrário.
Não acredito que as nossas percepções não choquem e que não me venhas defender a grande sensibilidade de quem é profissional de saúde, eu sei que sim, mas falo do que é preciso para ser bom profissional, falo da frieza e objectividade que depois, querendo ou não, cá ficam agarradas... E até acho que não parece, a maior parte das vezes, ou não nos quer parecer, porque não adianta ver as coisas desse modo, não interessa para nada, as pessoas são muito mais do que isso. Eu sei, mas se são muito mais, tambem são isso. Foi disso que falei.
E agora passados alguns anos desde 97 (altura da frase de 30-TV Times) e com muitos e interessantes personagens representados, eu ainda acho que a frase lhe assenta como uma luva. E que é de facto raro um actor manter-se mais interessante do que os papéis que interpreta.
(foto - Colin Firth)

23 maio, 2006

Escreve




Diz o que te apetecer. Sobre as minhas mãos, o meu cu, as minhas minas anti-pessoais... Diz que "guerreio" e mais outras coisas tão longas que fáço quase sempre.
Acalma-me, acho eu, ler o que escreves de nós, ainda que evites repetir-te.
Eu não acho repetição. Estas coisas são como os abraços, dão-se muitas vezes mas nunca se repetem. Às vezes chove, às vezes está-se mais triste, a roupa roça na roupa duma maneira diferente. Acalma-me... Há sempre tantos dias no futuro para não o fazermos.

(foto - Penélope Cruz e Sérgio Castellitto em "Non ti muovere")

20 abril, 2006

Existir e pronto



Acontece o abismo, quando tentamos perceber o que cada um quer dizer com o que diz.
Até os nomes mais universais deixo de conseguir como prova porque para ti, nesse teu universo com limites que defines, não havia uma Gisele Bundchen ainda.
É sempre esta a ideia com que fico. É a filosofia. Não nos serve para nada, porêm serve-nos para tudo. Nem que seja para que depois de muitas dúvidas algumas definições passem a ficar muito claras dentro de nós.
Sim, apresento-te o "raramente tenho dúvidas" da pessoa que se conseguiu esclarecer sobre como sente e como se deixa atrair, que depois até se permite mudar de opinião para exactamente o contrário apenas porque o mundo (como diz o outro) é dinâmico.
Mas tenho aquela forte impressão de que no mundo da moda é tudo mais ou menos o mesmo. Os tais trampolins para a fama que são relações com famosos, actores, cantores, nomes que vendem por eles próprios já sem dependência com o que estão a fazer. Mas que quando não é assim, tambem se critica o esquecimento e diz-se por aí que tudo passa muito rápido.
Há o verso da medalha, na fama quando se sobe muito, desce-se logo a seguir. E é uma carreira que depende das opiniões... Imagina as opiniões de todas as pessoas que circulam pelo metro por exemplo amanhã de manhã. Imagina o que cada uma dessas pessoas que frequenta o teu café opina sobre a Bundchen ou a Seymor ou o que quer que seja.
Horrivel de imaginar! Eu acho até que para muitos é igual, uma carinha bonita, outra carinha bonita, um corpo bem feito ou uma imagem que os levaria a comprar fosse o que fosse. Porque provavelmente (como tu dizes) para quê pensar nisso?!
Existir, admirar... Sem querer saber porque se admira...
Existir e pronto! Dizes tu.
Assim, talvez nem devesse constatar a grande diferênça que fáz o pobre do cabelo estar na moda ou nem por isso, para algumas pessoas. Nem ter opinião sobre a que horas (no relógio cósmico) essam pessoas começaram a invadir os chats. Se são mulheres ou são homens... E aquilo que mais gostam de fazer.
Mas existir somente e deixar-me atrair, ía dar no mesmo, eu atraía-me pelas mesmas que me atraiem e não me atrairía pelas outras, pelo menos é o que neste momento me faz dizer que raramente tería dúvidas sobre a cintura, a forma, a doçura e principalmente pela maneira como as pessoas existem e pronto.
(foto - Gisele Bundchen)

11 abril, 2006

O amor... de qualquer forma



"You call it Madness, but I call it Love" - Don Byas.

(foto-Natalie Press e Emily Blunt-"My summer of love")

06 abril, 2006

Arsenal



Aqui não pude festejar a vitória, por isso fica a festa de uma outra vitória, com as mesmas cores... Até porque esta noite voltaram a vencer e seguiram em frente...
Ainda bem...

(Ruth Gemmell e Colin Firth)

29 março, 2006

Mais um pouquinho dela




Foto antiga cheia de risquinhos pela cara, mas estava a recordar aquela vóz doce, fui ouvi-la por aí à net...

"Where ya gonna go? Where ya gonna run? Where ya gonna hide? Nowhere. Cuz there's no one... like you... left."

(foto-Meg Tilly em "Body Snatchers")

18 março, 2006

The lonely road




E a musica vai ficar ainda para mais tarde, hoje é uma viagem pela estrada solitária. O tempo a não se deixar agarrar, a tornar tudo insignificante, menos o que gostamos de guardar no peito e alimentamos.
Sinto que ao longo das estradas solitárias nos foram alimentando os sorrisos... Quem?
Tambem nos alimentaram as tristezas, as mágoas e muitas outras coisas azuis. Os anos foram gastos de qualquer maneira, bem ou mal somos os actuais com as memórias dos passados que escolhemos não abandonar, e se achamos que o fazemos de propósito, passamos a achar que sem propósito somos dominados por muito do que está na berma da estrada.

(foto - Colin Firth e Anthony Hopkins, "the lonely road" 1985)

07 março, 2006

E este céu azul... ?



Era assim que via o sol pelas janelas.
E numa cidade onde até a chuva fica bem. A neve e os grandes bocados de céu desta cor, tornam-se então perfeitos.
A musica segue mais tarde.

22 fevereiro, 2006

Num mundo perfeito



Ali na TV alguêm condenado à morte diz que recebeu inumeras cartas de mulheres a querer sexo com ele, mulheres de todas as idades a escreverem para a prisão. Diz ele que a vida é imunda, as pessoas são estranhas e cheias de razões doentes às quais só chegamos quando queremos ter mesmo essa intenção. E agora as biografias interessantes são estas, de assassinos e loucos que arrastam as partes cruéis de quem tambem o é, noutra escala.
Estranhas... As partes estranhas...
Num mundo perfeito o ganso não teria adoecido.
Num mundo de gente menos imperfeita o último dia da nossa vida, sabendo ou não, seria mais ou menos igual aos outros...
Num mundo perfeito sentiríamos muito mais e concluiríamos muito menos.
Seríamos muito mais por nós e muito mais pelos outros. Em vez de quase nada por nós e muita conversa e papel assinado.
Represento se chamar as luzes ao meu lugar no palco, senão tens que me representar tu...
E só te engano se souberes, se não souberes nunca te enganarei.
(foto-Björk)

15 fevereiro, 2006

Que coisas de mim, aí deixei ficar, no porto?



Mas não costumas gostar de ficar aí...
Fiquei aqui a pensar de que maneira as ruas se confundem...
Ou te confundem...
E se as janelas que cansam, que me cansam, te cansam...
Que coisas de mim, aí deixei ficar?

(foto-Toronto)

09 fevereiro, 2006

Protège-moi, protège-moi




Protege-me do que eu quero, se perceberes como, ou tenta elevar a definição de duas mãos com meio compromisso, eu acredito, embora todas as vezes que me lembro, me impeça a mim mesma de lembrar com mais significado...

"Sommes nous les jouets du destin
Souviens toi des moments divins
Planants, éclatés au matin
Et maintenant nous sommes tout seuls
Perdus les rêves de s'aimer
Les temps où on avait rien fait
Il nous reste toute une vie pour pleurer
Et maintenant nous sommes tout seuls

Protect me from what I want
Protect me from what I want
Protect me from what I want
Protect me
Protect me"
(Placebo)
(foto - Uma Thurman e Quentin Tarentino)

25 janeiro, 2006

Beauty above all




Acabei o "singing songs" e fiquei com a menina de 4 anos a sorrir-me, com uma calma destas, igual à que tu tens.
Dei-lhe um olhar parecido ao teu... E depois fiquei a observar-te nas revistas antigas, nesta capa onde quase sorris.
E se te olhar mesmo muito, se o fizer durante um tempo, começa a parecer-me que não, que sería impossivel começares a sorrir a partir dali. E assim volto ao principio e vejo tanto nos teus olhos de amendoa...
É o tal oceano que escreveram que tu tinhas na alma.
Acho que poucos têm oceanos na alma, têm rios, mares, lagos ou poços, têm charcos que refletem o sol ou a lua, mas não têm assim uma imensidão que se detecta em tão pouco tempo.
Meg a angelical, pois sim.
E eu digo que não são os olhos...
É a maneira de olhares...
E é a vida que tu escolhes. E as voltas que dás e não dás. É todo o espaço que te habita quando te moves para ficares parada onde não temos como te ver.
É a frase que ficou escrita e que se aproveita pela eternidade porque não se escreveu nenhuma mais.
Enquanto o resto do mundo venera só as estrelas que morrem cedo e as que circulam nos percursos iluminados...

18 janeiro, 2006

O que ela ainda fáz



Certas pessoas são-nos impostas por sei lá que meios e direcções e temos que levar com elas apertando a barriga com o embaraço que em 2 minutos nos causam. A grande America tem disto. Ainda não dispensou a Joan. Agora é com erro atrás de erro que a vemos sorrir para as cãmeras. Já não interessa. Já é hábito enganar-se no nome de quem entrevista e é hábito não saber o que está a dizer, mas ficam as cores e as plásticas. E os entrevistados, coitados, ainda agradeçem qualquer coisinha simpática que ela diga. Eu vejo-a, encolho-me toda e enrrugo-me, é complectamente desconcertante. Mas vai ficando por aí de microfone na mão, a desculpa é que já são sete décadas (salvo erro) e dá para rir, alguns devem rir, outros sei que se enrrugam como eu.
Desejo-lhe muitos anos de vida, mas poucos já de trabalho!
Ó por favor!

(foto-Joan Rivers)

17 janeiro, 2006

Assim penso



O pensador, afundado em si mesmo. A pose longe do pensamento abstrato, muito real e definida, pose de quem está a pensar e sabe como se pensa.
Na minha pose, estou mais ausente. Pareço não acertar totalmente com a linha onde a ideia se equilibra, estou abstrata... Vão dizer como no expressionismo que isto me vem de uma qualquer revolta. Eu aceito...
Era só para dizer que penso...

(foto-Scarlett Johansson)

12 janeiro, 2006

Amar é pensar



Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
(Alberto Caeiro)

(foto-Kate Beckinsale)

06 janeiro, 2006

O exemplar Visconde de Valmont




Valmont, com o seu amor provisório, complectamente irresistivel. Tão representativo do que desperta os sentidos ao sexo masculino.
Este mesmo argumento foi o que serviu o filme "Dangerous Liaisons" mas este último com muito mais impacto no público. A mim marcou-me este Valmont subtil que parece acreditar poder mudar a sua essência após uma noite de amor. Respondem-lhe que um homem quando muda é para pior. E de facto as suas paixões sempre foram curtas em tempo.
Sobre os dois filmes, acho que o "Valmont" tem a beleza da arte no seu melhor ponto. E o "Dangerous Liaisons" é apenas um filme. Que resulta por uma data de razões mas que é "carregado" na cor e no gesto, na representação e na ironía... E que provavelmente resultou para o público em geral, pelas mesmas razões pelas quais me desagradou.
Diz-se que Milos Forman nunca optava por soluções simples, os seus personagens eram mais ambigúos e isso talvez lhes tivesse dado a ideia de Seres reais.
Agrada-me. Agradou-me. Continua a encantar-me.


"Possuirei aquela mulher; arrebatá-la-ei do marido que a profana; ousarei tomá-la ao próprio Deus que ela adora. Que delícia ser alternadamente o causador e o vencedor de seus remorsos! Longe de mim a idéia de destruir os preconceitos que a assaltam. Eles aumentarão minha felicidade e minha glória. Que ela acredite na virtude, mas para sacrificá-la a meus pés; que suas faltas a amedrontem sem poder detê-la; e agitada por mil terrores, não possa esquecê-los e dominá-los senão em meus braços. Então consentirei que ela me diga: 'Adoro-te'."

04 janeiro, 2006

Entre pairar ou levantar




Se em alguns dias não nos seguramos a nada, temos a vaga impressão de que estamos a pairar num lugar que deixámos adormecer quando eramos pequeninos.
A nossa melhor voz avisa-nos que acordar pode significar olhar de novo para as coisas. Pode significar...
Reconheço que me levanto um pouco à pressa, mas depois acredito que talvez seja a minha meta a fazer-me correr. Salto para as conclusões. Gosto de concluir. E gosto de concluir depressa demais.
Tenho imensa pena. E depois tento segurar-me, só que quando é tarde fico naquela dúvida estranha entre pairar ou levantar de novo.
E só sou mais forte que isso,
nas poucas vezes em que isso não é mais forte que eu.

(foto-Madonna)