04 agosto, 2009

Ainda

Vim ver o sol daqui de onde me posso recordar de mim, ainda.
Gosto de dizer, ainda.
Se pensasse agora na quantidade de coisas que não pude dizer às pessoas para não as magoar...
Gostava de mim, ainda, se as tivesse dito todas uma a uma. Gostava de mim mais...
Agora acho que sim.
E tu vais de férias para um lugar bonito e sem saber vais trocar o que és pelo que vês.
Claro que isto digo eu, que vivo com a alma da velha que perdeu o tino há muito tempo. Nada que um jovem como tu entenda. Nada que eu entenda quando me transformo em bailarina.
Agora aqui para nós, ver o sol daqui, voltar a ver o sol daqui fáz-me amolecer o corpo como o da osga molhada, fáz-me ficar parada à espera de palavras e elas crescem-me na boca e eu digo-tas escrevendo. Vou ter saudades tuas. E ainda bem. Mas como sou poeta, sei que o que vai é um e o que vem é outro. Como a barriga da mamã que cresce todos os dias mais um bocadinho.