22 fevereiro, 2006

Num mundo perfeito



Ali na TV alguêm condenado à morte diz que recebeu inumeras cartas de mulheres a querer sexo com ele, mulheres de todas as idades a escreverem para a prisão. Diz ele que a vida é imunda, as pessoas são estranhas e cheias de razões doentes às quais só chegamos quando queremos ter mesmo essa intenção. E agora as biografias interessantes são estas, de assassinos e loucos que arrastam as partes cruéis de quem tambem o é, noutra escala.
Estranhas... As partes estranhas...
Num mundo perfeito o ganso não teria adoecido.
Num mundo de gente menos imperfeita o último dia da nossa vida, sabendo ou não, seria mais ou menos igual aos outros...
Num mundo perfeito sentiríamos muito mais e concluiríamos muito menos.
Seríamos muito mais por nós e muito mais pelos outros. Em vez de quase nada por nós e muita conversa e papel assinado.
Represento se chamar as luzes ao meu lugar no palco, senão tens que me representar tu...
E só te engano se souberes, se não souberes nunca te enganarei.
(foto-Björk)

1 comentário:

Anónimo disse...

Agora até me senti na pele do condenado á morte, fds! :-)

Eu acho que o que nos lixa é a noção normativa (moral) de cada um tem, e que é produzida (imposta á força, muitas vezes) pelo lixo que vamos acumulando cá dentro... é pois uma questão de lixo. A filósofa tem o contentor com lixo diferente do nosso quando adopta um procedimento estranho no pedido ou pede a assinatura que me choca. Outros lixos terão tambem no contentor essas gajas que espantam o mundo (e não só o condenado sujo) quando dizem querer ter sexo com ele… isto não me parece ser muito diferente daquelas que anseiam foder o actor só porque o confundem com os personagens que faz na tela... (não, não é nenhuma boca, lembrei-me :)), e outro terá ainda o condenado quando atribui as culpas á vida imunda cheia de pessoas com razões doentes…
Nascemos vazios e limpos e se no inicio o lixo era ecológico, hoje a poluição é tanta que é impossível não estarmos contaminados como os coitados dos gansos que morrem por aí nos lagos... e vê lá que até este cenário nos contamina tanto a razão que nem queremos por perto as pobres avezinhas saudáveis...
É a puta da morte! O medo dela… Hoje a morte para o senso comum é algo assustador porque é tanto o bombardeamento da vida que acaba tendo os seus efeitos… mas nem sempre foi assim porque épocas houve que a encaramos de outra maneira e até decoramos as nossas salas e salões com arte alusiva á mesma, e gostávamos, achava-mos lindo!… A mim tb me assusta, confesso mas (e isto não é para parecer perfeito, porque sei que não sou), tenho alguma dificuldade em imaginar o ultimo dia diferente. O ultimo seria igual a qualquer outro só com um coeficiente de cagaço maior acho… :) Só mais curto, que não chega ao fim, como diz o Lobo Antunes.
E para acabar, eu cá atribuo a culpas á capacidade, em m3, dos contentores de cada um…lol
Se calhar, num mundo perfeito não vinha-mos, uns equipados com "contentores gigantes" e outros só com um pequeno cesto de papéis.... ou era tudo igual ou por e simplesmente não trazia-mos nenhum :)